domingo, 29 de março de 2009

canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo
e que me tome nos braços sem fazer perguntas demais,
Que o outro note quando eu preciso de silêncio
e não saia batendo a porta,
mas entenda que não o amarei menos
porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele
e não se irrite com a minha solicitude,
e se ela for excessiva
que ele saiba me dizer isso com delicadeza
ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade,
e não ria de mim,
nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem,
que o outro goste um pouco mais de mim,
porque também preciso fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada,
que o outro não pense logo que estou nervosa,
ou doente, ou agressiva, nem diga que eu
reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda,
e ouse ficar comigo mais um pouco,
em lugar de voltar logo à sua vida,
não porque lá esta sua verdade,
mas talvez seu medo, ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivos
depois de um dia daqueles,
o outro não desconfie logo que é culpa dele,
ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim,
o outro seja meu cúmplice,
mas sem fazer alarde,
nem dizendo:"olha que estou tendo
muita paciência com você"!
Que se me entusiasmo por alguma coisa,
o outro não a diminua,
nem me chame de ingênua,
nem queira fechar essa porta necessária
que se abre para mim,
por mais tola que lhe pareça.
Que, quando sem querer,
eu digo uma coisa bem inadequada
diante de mais pessoas,
o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando eu levanto
de madrugada e ando pela casa,
o outro não venha logo atrás
de mim reclamando:" mas que chateação
essa sua mania, volta pra cama!"
Que se eu peço
um segundo drink no restaurante,
o outro não comente logo:"poxa, mais um?"
Que se eu eventualmente perco a paciência,
perco a graça e perco a compostura,
o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro: Filho, amigo, amante, marido,
não me considere sempre disponível,
sempre necessariamente compreensiva,
mas me aceite quando não estou
podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda
que mesmo se às vezes me esforço,
não sou, nem devo ser,
a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa:
vulnerável e forte,
incapaz e glorioza,
assustada e audaciosa,
apenas...
"UMA MULHER!"
(Lia Luft)

2 comentários:

  1. Oi!
    Estou passando para fazer uma visitinha e também para convidá-la para também conhecer o meu blog!!!Não deixe de mandar comentários!Passa lá!
    Grande abraço!
    Até!!!!

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  2. olá bem vindo ao meu blog e obrigada por sua visita. Agradeço pelo convite vou passar pelo seu blog sim até lá!!!

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